sábado, 14 de abril de 2012

Podemos ser Santo?




      Muitos dizem que não podemos ser santos, pois somos de natureza pecadora, e por isso nenhum ser humano pode ser. Porém, quando se diz isso é a mesma coisa que afirmar que Jesus morreu em vão, é a mesma coisa que não confiar na misericórdia divina. Então vamos compreender bem o que é ser santo para dizer se podemos ou não.
      Segundo a Sagrada Escritura, somente Deus é Santo: “Santo, Santo, Santo é Iahweh dos Exércitos, a sua glória enche toda a terra” (Is 1,3). A Bíblia foi escrita em hebraico, então para melhor compreensão, a palavra “santo” em hebraico é kadosh que significa separado, ou seja, Deus é o separado, é o diferente de toda criatura, é aquele que não pode ser confundido com as criaturas, é o fundamento de tudo, é graças a Ele que existimos: “Nele vivemos, nos movemos e existimos” (At 17,28), pelo fato de ser Santo, Deus é completamente glorioso.
        A Igreja nunca deixou e nem vai deixar de afirmar isso, porque ela é fiel à Palavra de Deus. Na Oração Eucarística II ela diz: “Na verdade, ó Pai, vós sois Santo e fonte de toda a santidade!”.
        Pelo dogma da Santíssima Trindade cremos que "O Pai é aquilo que é o Filho, o Filho é aquilo que é o Pai, o Espírito Santo é aquilo que são o Pai e o Filho, isto é, um só Deus quanto à natureza”,Respondeu-lhe o anjo: Virá sobre ti o Espírito Santo, e o poder do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; por isso o que há de nascer será chamado santo, Filho de Deus.” (Lc 1,35). Então Jesus também goza dessa Santidade que falamos. então, assim como o Pai é Santo, o filho também é Santo, logo, Jesus Cristo é o Santo de Deus, a Escritura nos diz:
         A Igreja também afirma isso na Celebração Eucarística com a Oração do Glória, que também quando é cantado devem ser as mesmas palavras: “Só vós sois o Santo, só vós o Senhor, só vós o Altíssimo, Jesus Cristo, com o Espírito Santo na glória de Deus Pai” (Oração do Glória). 
        Jesus Cristo é o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (Jo, 29), pela morte na cruz tirou todos os nossos pecados e ressuscitando nos santificou com o Espírito Santo, que é o Espírito de santificação: “Dizendo isso, soprou sobre eles e lhes disse: Recebei o Espírito Santo...» (Jo 20,22).
        Então quando somos batizados, recebemos o Espírito de Deus, já não é mais o batismo de João Batista, e sim o batismo de Jesus Cristo, e com este batismo ganhamos uma nova vida, esta que nos faz “Santos”, como São Paulo afirma: “Vós vos lavastes, fostes santificados, fostes justificados em nome do Senhor Jesus Cristo e pelo Espírito Santo” (1Cor 6,11) e é por isso que São Pedro confirma dizendo: “Vós sois uma raça eleita, um sacerdócio real, uma nação santa, o povo de sua particular propriedade” (1Pd 2,9). Quando somos batizados, somos santificados pelo espírito santificador de Jesus Cristo e somos chamados a ter uma vida santa, ou melhor, devemos viver como tal.
         Ai é onde está à diferença: qualquer cristão batizado pelo espírito santificador de Jesus Cristo se torna um santo, se torna um filho de Deus, a diferença está entre quem vive como um santo, quem escuta os conselhos do pai e quem vive como um pagão, como o filho que não se importa com o pai. Ou seja, por nossas ações e atitudes nos tornamos aquilo que já somos, então, existem santos que vivem como santos e existem santos que vivem como um pagão.
         A Igreja canoniza aqueles batizados que tiveram uma vida santa, ou seja, aqueles que viveram a sua natureza, aqueles que se abriram para o espírito santo, aqueles que viveram a sua santidade.
        O santo é um pecador como qualquer um de nós, que lutou contra o pecado, que levou Cristo a sério, e foi fiel à graça de Cristo, foi fiel ao sonho de Deus, através do batismo foi santificado pelo espírito santificador e foi fiel ao seu batismo. De modo que percebemos que para ser Santo só precisa de uma coisa: Ser fiel ao seu batismo!
        Mas, ser fiel ao batismo não é tão simples, ser fiel ao batismo é ser fiel a Deus, é ser cristão, é ter Jesus Cristo como modelo de santidade, é se confessar sempre, pois só assim estará em plena graça, e claro, reconhecer que não somos nada, que temos essa graça por causa do sangue derramado do Cordeiro, por causa da misericórdia divina, pois se não fosse por ela nem batizados poderíamos ser. A Igreja reconhece isso:
“Ó Deus, sois o amparo dos que em vós esperam e sem vosso auxílio ninguém é forte, ninguém é santo...” (Coleta da Missa do XVII Domingo Comum). 
        A Igreja ao canonizar não santifica ninguém, ela não pode santificar ninguém, pois ela mesma precisa do Espírito de Deus e ela é santificada por Ele, só Deus é Santo e fonte da santidade; somente Deus é o autor de toda a santidade. Mas o que a Igreja faz é reconhecer, oficialmente, a santidade que a graça de Deus concedeu à pessoa.
“Ao canonizar certos fieis, isto é, ao proclamar solenemente que esses fieis praticaram heroicamente as virtudes e viveram na fidelidade à graça de Deus, a Igreja reconhece o poder do Espírito de santidade que está em si e sustenta a esperança dos fieis, propondo-os como modelos e intercessores.” (CIC 1494)
       Portanto, a Igreja tem o papel de mostrar que o Espírito santificador de Jesus Cristo é verdadeiro e eficaz, é graças a este que temos Santo Agostinho, São João Crisóstomo, São Bento entre outros. Eles são a prova da graça de Deus, a prova da eficácia do Espírito Santificador, ou seja, são exemplos de que é possível ser santo.
        Sabendo disso, rezemos para que sejamos santos, que não neguemos a nossa natureza batismal, que não ignoremos o Espírito Santificador, que sejamos fortes, que tenhamos Jesus como modelo de Santidade, e que Deus aumente nossa fé para que possamos crer nesta santidade. Amém
 
                        Joseque Moysés

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